A primeira publicação do blog vai ser dedicado ao mais novo e esperado lançamento do ano. Sol da Meia-Noite da Stephenie Meyer é narrado pelo mocinho muito amado pelos fãs da saga.
No dia 4 de agosto de 2020, a obra Sol da Meia-Noite finalmente foi publicada como lançamento simultâneo em um esforço impressionante da Editora Intrínseca. No texto sobre toda a loucura que foi o processo de trazer o livro para o Brasil, eles contam sobre o trabalho de equipe incrível dos colaboradores (entre tradutores, preparadores e revisores). O livro foi finalizado em tempo recorde de 45 dias entre prazos apertados e contratos de sigilo, sem contar a pandemia.
Foi muito divertido acompanhar a gritaria no Twitter quando foi anunciado em maio que o livro seria publicado nos Estados Unidos. Entre alegria e piadinhas, todo mundo pagaria para ver a reação do maior fã da saga, Robert Pattinson, nosso célebre Edward Cullen.
~Cuidado com spoilers~ ("spoilers" considerando que é a terceira vez que a Meyer lança o mesmo livro).
"Muita coisa no mundo de Crepúsculo não faz o menor sentido". Fonte: Pinterest - Reprodução. |
Resumo geral: o livro inteiro é com o Edward completamente horrorizado com o quanto a Bella é doida!
"— Não importa para mim o que você é.Ela era inacreditável.— Você não liga que eu seja um monstro? Que eu não seja humano?— Não.Comecei a questionar sua sanidade mental"
O livro é divertido de uma maneira que eu não esperava, a Stephenie Meyer não nos poupou de detalhes e a narrativa não deixa a desejar. Sim, sou team Edward mesmo.
Assim que o livro foi disponibilizado corri para comprar o ebook e iniciar a leitura imediatamente (fiquei um pouquinho ansiosa). Falando sério, foi muito doido comprar o livro depois de ter lido aquela versão vazada anos atrás achando que a SMeyer nunca fosse realmente lançar ele para os fãs. No final deu tudo certo, foram só 10 ANOS DE ESPERA!
Antes de tudo, é importante ressaltar que, como todo o enredo e acontecimentos da obra já foram retratados antes em Crepúsculo, a avaliação do livro se dá mais pela forma como a SMeyer nos trouxe o ponto de vista do Edward, como ela construiu a narrativa dele. Li tudo sem altas expectativas, a leitura foi bem despretensiosa e aproveitei o prazer de revisitar todos os personagens.
Já faz muito tempo desde que li a saga Crepúsculo pela última vez, mas logo no início de Sol da Meia-Noite eu senti a narrativa do Edward mais lenta, fato esse bem interessante porque o livro tem muitos monólogos internos e isso mostra (além de apenas dizer) que, como vampiro, o Edward é capaz de processar informações em uma velocidade bem maior do que um humano, então as vezes ele tem algumas reflexões no meio dos diálogos, por exemplo. Dito isto, embora tenha o mesmo desenrolar de Crepúsculo, Sol da Meia-Noite nos é entregue com mais de 700 páginas.
No início esses monólogos não incomodam tanto porque mostra como o Edward se sente sobre basicamente tudo, e aqui ele acrescenta detalhes sobre sua própria história e a dos outros da sua família. Porém, admito que depois essas reflexões internas se tornam cansativas pois os temas são repetitivos e sempre voltam para o mesmo ponto, ele está sempre alternando entre pensamentos de amargura sobre si mesmo e sua obsessão pela Bella. É praticamente um ciclo.
Fonte: Pinterest - Reprodução. |
No primeiro capítulo já somos presenteados com uma interação do Edward com os irmãos Cullen. Um dos grandes feitos desse livro foi que a autora finalmente nos mostrou como é a relação familiar deles e é ótima! (a SMeyer bem que poderia ter substituído vários monólogos por mais interações dos Cullen). É muito bacana ver como eles se amam e como interagem entre si intimamente. Em especial Alice e Edward pois possuem sua própria maneira de comunicação, coisa que o Emmett deixa claro achar irritante.
E aqui nós levamos em conta uma característica fundamental do Edward, ele lê a mente das pessoas. Muitos dos diálogos aparecem como uma conversa unilateral se vista por fora, a maioria dos diálogos com os outros Cullen ocorre com o Edward lendo suas mentes, isso é feito de maneira bem natural entre eles.
Aliás, as interações das quais mais gostei foram com a Alice e o Emmett, ambos trazem dois contrapontos com o Edward. O Emmet traz muito do humor para o livro, com uma postura relaxada e sem muitas preocupações.
“Ouvir os pensamentos de Emmett nunca me pareceu uma intromissão, porque ele nunca pensava algo que não diria em voz alta ou executaria”
E as aparições da Alice foram muito bem colocadas no livro, aqui temos a chance de ver como o dom dela funciona de uma maneira mais detalhada graças ao próprio dom do Edward.
Gostei muito de como a autora conseguiu equilibrar a história sem a Alice prever tudo com seu poder, uma explicação pouco complexa funcionou bem, pesar a mão nessa parte poderia comprometer o enredo do livro. Claro, tudo depende das decisões tomadas, sabemos que a cada decisão as previsões mudam e tomam diferentes direções. Desse modo, quando o Edward se pergunta como ela não o viu planejando matar a Bella quando sente seu cheiro pela primeira vez, ele logo descobre o motivo: a mente da irmã estava voltada e concentrada apenas no Jasper.
Outra relação que me tocou bastante foi a do Edward com os pais. Carlisle e Esme são retratados com muito carinho, os três são os primeiros integrantes da família que construíram. É admirável o respeito que o Edward nutre pelo Carlisle, sendo este o líder do clã, é o Carlisle o elo que une todos ali. A gentileza dele fica estampada em todas os seus atos.
Fonte: makeagif - Reprodução. |
Mas nada nesse livro é melhor do que as interações do Edward com a Bella! Se eu já achava Crepúsculo meio engraçado do ponto de vista dela, agora com a narração do Edward eu fiquei quase em êxtase. Antes da publicação a Stephenie Meyer havia dito que ele é um personagem bastante ansioso, e isso está bem presente e arraigado nele.
O Edward consegue ser muito obsessivo, em certos momentos parece que ele está a ponto de surtar (corta para a entrevista do Rob em que ele diz que o Edward não é normal e está à beira de sair matando todo mundo ~momentos memoráveis~). Ele é tão ansioso a ponto de não conseguir se controlar direito, e se fica preocupado é quase impossível para ele mudar o foco de pensamento.
Quando visitava a Bella dormindo (ato que foi apontado corretamente como algo problemático) ele sabia que era errado, descrevendo nojo por si mesmo. Dito isto, ele é aquele personagem que odeia ser o que é, há muitas partes em que ele se chama de monstro porque é assim que ele se enxerga. Lembra que falei dos monólogos internos? O coitado sofre demais.
“Tentei me concentrar no rosto que tinha visto refletido nos olhos dela, um rosto que reconheci com repulsa. Era do monstro que habita dentro de mim, o rosto que eu havia reprimido com décadas de esforço e disciplina ferrenha. Ah, como ele surgiu com facilidade!”
A relação que o Edward faz com ser um monstro está diretamente ligada à romã da capa do livro, em diversas passagens do texto ele faz alusão a Hades, deus dos mortos, e Perséfone, deusa da terra e da agricultura. Na mitologia grega, Hades apaixona-se pela bela Perséfone, mas a mãe dela é contra essa união e tenta impedir que eles fiquem juntos. No entanto, desejando ficar mais próximo da amada, Hades lhe entrega uma romã, fruto que simboliza o casamento. Deste modo Perséfone passa a viver ao seu lado sem poder abandonar o submundo.
Na percepção do Edward, o fato de ser um vampiro o torna um predador invencível tornando impossível que uma vítima sobreviva depois de cruzar seu caminho. Então ele não estaria dando à Bella a opção de ir embora, pois a cada encontro ele lhe entrega mais uma semente de romã.
As interações dele com a Bella são tudo. Primeiro ele é pego desprevenido quando descobre que não consegue ler sua mente. Segundo, ele quer matá-la porque nenhuma outra pessoa no mundo tem um cheiro tão saboroso. Sabemos o quanto é doloroso para ele ficar tão perto.
Aqui a Alice tem um papel forte sobre o relacionamento que se formará entre os dois, é ela a primeira a perceber no que vai dar a aproximação deles. E quando o Edward tenta ir embora ou manter distância, ela logo corta suas asinhas porque já viu o futuro e entende que ele não consegue ficar longe da Bella.
É tão divertido acompanhar o Edward tentando cortejá-la. Para um vampiro de mais de 100 anos ele ainda entrega muito a inexperiência e a insegurança nesse quesito, sem saber direito como deixar claro seu amor para ela, às vezes até duvidando se está dando os sinais corretos. E até bate uma tristeza da certeza do Edward de que, para a Bella, ele não passa de uma mera paixão da adolescência enquanto ela significa o mundo para ele.
A cada cena entre eles o Edward está absolutamente emocionado com o quanto a Bella é uma pessoa tão boa e altruísta, e também raiva, por ela ser tão observadora que não há como mentir sobre o que ele é. Quando o Edward sente algo, ele sente por inteiro, seja isso dor, tristeza, amor, ódio ou desejo. Nenhuma surpresa aqui no quando o Edward é INTENSO.
"Você é a minha vida agora". Fonte: gfycat - Reprodução. |
Quando enfim chegamos na parte do James e sua caçada pela Bella, SMeyer nos surpreende com detalhes novos sobre os Cullen, em especial o Jasper. Usar o poder de ler mente do Edward para explorar características dos outros personagens foi bastante inteligente e trouxe um ar de novidade para essa parte do livro que poderia ficar batida.
O dom do Jasper de controlar as emoções ao seu redor foi essencial na proteção da Bella. Nem o próprio Edward sabia do que o irmão era capaz de fazer, Jasper consegue desviar a atenção dos vampiros desconhecidos ao mesmo tempo em que impede a tensão se transformar em violência imediatamente. Tudo isso sem que os outros sequer percebam o que está acontecendo. A visões da Alice mudam os parâmetros diante da ameaça e também são fundamentais para o sucesso dos planos para protegerem a Bella.
Sol da meia-noite está recheado de ganchos que levam a Lua Nova. Tanto os pensamentos do Edward quanto as visões da Alice encadeiam para o segundo livro da saga de uma forma que o leitor ainda não tinha visto. Pois, se para a Bella o afastamento dele foi inesperado, aqui vemos como o Edward chegou numa decisão bem antes de finalizar o livro.
Eu amei revisitar essa saga, o fanservice foi completo. Se a Stephenie Meyer desejasse escrever toda a saga no ponto de vista dele eu leria tudo de muito bom grado, mas sabemos que ela não faria isso. Então a gente fica com esse para matar a saudade.